segunda-feira, 13 de maio de 2013

Psicossomática e a Dança do Ventre por Mel Brevilliere




Este trabalho tem como intuito o desenvolvimento de um vínculo terapêutico entre a Psicologia, estudos psicossomáticos e a prática da dança do ventre como auxílio do desadoecimento somático do corpo e a saúde mental e emocional  do indivíduo. Através de estudos à respeito das doenças psicossomáticas, me interessei em particular pelos magníficos benefícios que a Dança do Ventre/Dança Oriental podem trazer com sua prática, e por ser Psicóloga pude intercalar a dança  como terapia no auxílio e tratamento para doenças de cunho emocional que por sua vez podem ter uma causa somática.

Para entendermos melhor sobre o assunto, vamos diferenciar e compreender o significado das doenças psicossomáticas e da somatização:

Doença psicossomática ou somatização: Qual a diferença?
Somatização:
Consiste na presença de sintomas físicos mas não há presença de doença orgânica.  A causa destes sintomas é emocional. Geralmente o indivíduo apresenta sintomas característicos de determinada doença, mas não é constatada nenhuma presença patológica.

Doença Psicossomática:
Neste caso, há presença de alterações clínicas detectáveis por exames de laboratório, ou seja, o corpo da pessoa apresenta danos físicos. É uma doença orgânica, mas com causa psicológica. Em situações de forte estresse emocional o corpo reage como que “informando” que algo não está bem. O corpo em sí é nosso sinalizador, através de sintomas percebemos como está nosso equilíbrio mental e físico.


O poder da mente
 A Psicologia e a psicoterapia nos mostram que da mesma forma que a mente pode produzir algo ruim, também pode ter a capacidade de reverter. Trata-se apenas da capacidade que todos temos de influenciar nosso corpo de forma mental este processo pode acontecer de forma involuntária, mas pode ser tratado voluntariamente mediante a determinação mental de superação e a persistência em superar estas mazelas psíquicas que podem ser acumuladas por causas inúmeras, para facilitador desta, faz-se imprescindível a presença de um Psicólogo para acompanhamento.


A Dança do Ventre como terapia
As potencialidades sensoriais, sensitivas, perceptivas, cinestésicas, motoras, criativas e comunicativas são ampliadas mediante a prática da dança do ventre, o reconhecimento da identidade, a sensação de acolhimento que a Dança do Ventre trabalha diminuem os sintomas psicossomáticos. A dança pode estimular e equilibrar os hormônios femininos, auxiliar na cura da insuficiência ovariana, bem como combater a prisão de ventre, uma vez que trabalha o tônus da parede abdominal contribuindo para o peristaltismo voluntário. Isso acontece através das ondulações abdominais, combinados à respiração. Fatores como uma boa circulação sanguínea também contribuem para  a manutenção da juventude.

Os movimentos conjuntos e isolados executados na dança ativam o fluxo sanguíneo principalmente na região gênito-urinária, os tremidos, nomeados shimmies provocam a liberação de endorfina, um neurotransmissor que gera prazer e assim, bom humor.

Há um efeito sobre a circulação causando a nutrição dos tecidos, evitando a rigidez articular, estimulando a musculatura e a coordenação motora,  o que diminui o risco de lesões. A prática frequente favorece o condicionamento físico, a função cárdio-respiratória e exercita continuamente a memória.

Os benefícios da dança do ponto de vista psicossomático são cada vez mais reconhecidos pelos terapeutas e pelos médicos. Os ganhos diretamente físicos são inconstestáveis, a sua prática também tornou-se muito reconhecida por não estabelecer restrições quanto à idade.  Os movimentos e uso dos grupos musculares favorecem a agilidade, postura e conservação dos ossos, e tudo isto com o prazer da música, o que torna sua prática de acesso universal e demasiadamente prazerosa.

Em ritmos de maior velocidade há o condicionamento respiratório, reeducação do tônus do diafragma e em ritmos mais lentos a coordenação motora e o autocontrole, manejo da ansiedade dentre outros fatores são trabalhados com minuciosidade.

O ventre em si é considerado a “morada” dos apetites - tanto apetite sexual, como a vontade de comer, a empatia ou atração por alguém, a ansiedade, desejo de posse, maternidade, proteção, medo e raiva, por isso é comum haver consequências físicas imeditadas diante destes sentimentos. Da mesma forma os exercícios envolvendo esta área do corpo facilitam o fluxo de emoções, bem como a mentalização e a motivação para o alcance vitorioso do corpo e mente equilibrados  - “no ventre, o sonho toma forma”.

Como veículo despertador da feminilidade, a prática terapêutica da dança no enfrentamento das doenças psicossomáticas conscientiza a mulher da importância harmônica entre seu corpo e sua psique, além disto, abre sua compreensão sobre a expressão corporal como aliada no desbloqueio de energias estagnadas ou maléficas causadas por introversões ou emoções reprimidas.

Dentre os ganhos e benefícios diretos da Dança do Ventre podemos citar:

Físicos:
  • - Preparação para o parto
  • - Recuperação do tônus muscular pós-parto;
  • - Combate problemas relacionados ao abdômen como: TPM, cólicas, constipação intestinal e dores renais;
  • - Alongamento geral do corpo sem risco de lesões, distensões ou contraturas (obviamente, através de exercícios bem administrados);
  • - Tonificação da musculatura de forma gradual e “ de dentro para fora”;
  • - Fortalecimento dos órgãos localizados do abdômen, tornando-os mais eficientes e ativos;
  • - Postura correta e confortável;
  • - Equilíbrio e energização;
  • - Respiração correta;
  • - Auxílio em dietas e perda de peso;
  • - Aumenta a flexibilidade.

Psicológicos / emocionais / sociais: 
  • - Auto estima/ auto reconhecimento;
  • - Ampliação da consciência corporal;
  • - Diminui a ansiedade;
  • - Melhora o aspecto instrospectivo;
  • - Alivia tensões;
  • - Evita o estresse ( que pode desencadear todos os tipos de doenças);
  • - Proporciona maior criatividade por conta da atividade mental intensa;
  • - Equilibra emoções;
  • - Melhora a função sexual fisicamente e emocionalmente (controle dos esfíncteres, fortalecendo a musculatura do períneo e assoalho pélvico, prevenindo doenças urinárias.);
  • - Estimula a clareza mental;
  • - Estimula a concentração e memorização (através das sequência e montagens coreográficas)
  • - Desenvolve a percepção musical mediante a sensibilização auditiva e a decodificação simbólica dos sons;
  • - Conscientiza quanto a sensualidade desvinculando a mesma da vulgaridade;
  • - Proporciona o relacionamento interpessoal e a comunicação corporal;
  • - Facilita no tratamento da inibição excessiva como a timidez e introversão;
  • - Aumenta a interação social do indivíduo por trabalhar a consciência corporal e auto estima;
  • - Proporciona a possibilidade do olhar interior e a auto-observação;
  • - Gera grandes benefícios em torno da dissociação corporal e mental.


Sendo assim, torna-se cada dia mais rica e benéfica a Dança do Ventre em particular como um tratamento eficaz contra os males somatizados inconscientemente representados fisicamente por doenças de cunho emocional e psicológico, ressaltando que o conhecimento do Psicólogo torna-se imprescindível para uma terapêutica consistente, pois de acordo com o direcionamento do mesmo a prática terapêutica é conduzida de forma ética e profissional.



MARILEI BREVILIERE LIMA (Mel Breviliere)
Psicóloga formada e Dançarina do Ventre, iniciou seus estudos em dança árabe em 2001, ministra palestras sobre a Dança do Ventre Terapêutica e utiliza a mesma como técnica no tratamento de doenças psicossomáticas


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